sexta-feira, 15 de julho de 2011

A Ponte e as Estradas de Cachoeira

          O Arquiteto e Colunista do JP, Osni Schroeder, escreveu em sua coluna de 11 de julho de 2011 uma crônica onde traça um paralelo entre as estradas abandonadas de Cachoeira e as estradas simbólicas da vida histórica e da velha política. A estrada que passava pela Ponte de Pedra é citada em destaque. Reproduzimos o texto logo abaixo, boa leitura:


        "Um dia destes, percorri um trecho do que sobrou da antiga e sinuosa estrada que nos levava à BR 290 e foi brutal o contraste da lembrança da estrada larga que eu via pelas janelas do “expressinho cachoeirense” com a realidade atual de um caminho quase abandonado. Na volta, lembrei de outros trechos de estrada que perderam importância para a asfaltada BR 153, como o que vinha de Rincão da Porta e passava por Três Vendas ou o que nos liga ao Bosque.
        Sobre estradas, o grande João Carlos Mór narrava sua chegada ainda menino a Cachoeira, pela estrada do Barro Vermelho, que, saindo pela Ferreira e o Passo do São Lourenço, era o principal caminho que nos ligava a Caçapava, Bagé e à fronteira com o Uruguai. Era uma estrada tão viva que foi palco de lutas da Revolução de 1924 e testemunhou a trajetória do tiro que matou Baltazar de Bem.
       A própria Ponte de Pedra perdeu nossa atenção quando a larga estrada que nos levava até ela virou um corredorzinho que atola com qualquer chuva. E, além da ponte, o trecho onde um dia D. Pedro II supostamente passou viu instalarem cercas e porteiras que o rebaixaram a um corredor particular de uma lavoura de arroz.
      Estradas significam caminhos para realizações materiais de pessoas e comunidades. O progresso passa por elas! Estradas simbolizam também o caminho da verdade e da vida que Jesus nos convidou a escolher na nossa essência espiritual.
     E não há símbolo mais apropriado que uma estrada para expressar a esperança de um futuro melhor! Não foi por menos que Charles Chaplin encerrou quase todos os seus filmes com a câmera fechando no célebre Carlitos quando este iniciava uma nova jornada numa estrada marcada pela perspectiva de um único, futuro e infinito ponto.
    Temos o hábito de lamentar a geografia das nossas estradas, culpando-as pelo nosso atraso, mas insistimos em percorrer as estradas velhas da política de migalhas clientelistas, não escolhendo lideranças que poderiam, no simbolismo da esperança da estrada nova, abrir os caminhos da nossa redenção econômica e social.

     Esquecer as estradas velhas da política e apostar na esperança de estradas novas é o obrigatório caminho para conquistarmos muito além das sonhadas estradas de asfalto, de ferro, pelo rio, pelo ar!
    Porque, se assim não for, nosso futuro será continuar penando e atolando em surrados caminhos políticos que nunca nos levarão a um bom lugar! "

Nenhum comentário:

Postar um comentário