Hoje escrevo para desagravar parceiros que sofreram a agonia da Ponte de Pedra e vibraram quando ela voltou do destino que o rio Botucaraí lhe impunha. Aqueles mesmos que agora trazem o Paço Municipal de volta à vida, e que vão refazer a velha estação da Ferreira, garantindo-a no futuro.
Alguém diria que esta gente não precisa ser desagravada, e eu concordo!
Não precisa desagravo quem reconstruiu uma ponte sob a violência do rio, ou que enfrentou a degradação que já abatia o Paço e não se assusta com o desafio da Ferreira.
A vida de cada um é sua própria motivação!
Mas me imponho a escrever mesmo assim!
Dignidades atacadas com persistência geram dúvidas, que por sua vez embaraçam corações dedicados a interesses coletivos como se fosse a última oportunidade individual das suas vidas.
Sobre a personalidade de quem ataca, não escreverei! Não conseguiria ser mais eloquente do que as múltiplas vozes dos que lhe passaram pela vida. Contesto apenas, sua afirmação de que o Paço esteja sendo mutilado!
Em restauro quase nunca há consenso sobre diretrizes técnicas, e divergências somente são resolvidas se preservada a civilidade nas relações.
Ao contrário de qualificar cidadãos como algozes do Paço Municipal, poderia num sopro de humildade, olhar as pegadas que deixa pelo caminho e tentar uma relação humana não destrutiva.
O Paço foi realmente mutilado quando o tempo lhe destruiu telhas, janelas e portas, ou quando construíram uma laje de concreto no seu coração, ou ainda quando seus assoalhos sumiram para aterros e cerâmicas. Mutilado foi quando o abandonaram ao ponto de transformá-lo num depósito de entulhos, assombrado por morcegos, cupins e umidades.
O trabalho de hoje não o mutila, mas restaura a vida que lhe fugia!
Felizmente, os protagonistas atuais persistirão firmes nos seus objetivos!
O contrário disto seria encerrar uma história de voluntariado que mudou o senso comum da cidade em relação às suas edificações históricas, transfigurando-as de alvo de interesses individualizados para bens intangíveis que o carinho de todos apropriou valor.
Espera-se que um dia, pelo trabalho de todos, a matemática dos nossos bens culturais edificados resulte em muito mais construções históricas íntegras do que destruídas.
A civilizada Cachoeira merece!
OSNI SCHROEDER
24/01/2013 - Comunidade unida para o início das obras |
28/06/2016 - Arquitetos da UFSM apoiam a restauração |
2º Pavimento em 2013 - Parceria com 3º B.Eng.Cmb. |
2º Pavimento em 2016 - Restauro pela Construções Granzotto
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