segunda-feira, 7 de março de 2016

Restauro segue adiantado

PAREDES TAIPA-DE-MÃO

          As paredes divisórias internas, no pavimento superior do prédio do Paço Municipal, são todas montadas no antigo sistema construtivo conhecido como "taipa-de-mão", que pode, na comparação com técnicas modernas, ser chamado como o "gesso acartonado" do século 19.

        As paredes de "taipa-de-mão" são apoiadas na estrutura de madeira do entrepiso de madeira e por esta razão têm a necessidade de serem particularmente leves.


        O sistema "taipa-de-mão" para paredes internas é constituído, no Paço, de uma linha de tábuas de madeira, pregadas verticalmente num ponto de ancoragem no piso e outro no forro. Sobre estas tábuas, são pregadas com cravos de ferro, talas de "gerivá", que é uma árvore fibrosa parente próxima do coqueiro tradicional, deixando uma superfície irregular e porosa.

       Sobre esta superfície horizontal é aplicada a argamassa, geralmente de barro, formando um camada de aderência à madeira e ao gerivá, e outra camada de revestimento aplainado e pintado.

   


DEGRADAÇÃO DAS TÁBUAS NA PAREDE TAIPA-DE-MÃO

As fotos indicam o estado de degradação das tábuas de madeira, 
importantes na estrutura das paredes de taipa de mão. 


             Uma destas paredes estava particularmente comprometida na sua estrutura, pela degradação das tábuas internas que a sustentavam, ocasionada pelo ataque de insetos, como cupins e brocas, por mais de 100 anos.

            Esta avançada degradação afetava a segurança estrutural daquela parede e este foi o motivo da sua remoção, mantendo-se as demais, em melhores condições, especialmente a que forma um dos lados da antiga Sala do Júri.

Paralelo aos trabalho de restauração, vêm sendo aplicados produtos
cupinicidas, para controle da presença e ameaça de cupins


         A decisão sobre a retirada da parede acima referida também viabiliza um ambiente maior, facilitando a chegada ao pavimento superior pelo elevador de pino hidráulico, que será instalado para garantir a acessibilidade plena às pessoas com necessidades especiais.


      O novo ambiente, sem a antiga parede comprometida, incorporou-se perfeitamente ao conjunto do salão principal e ao terraço nos fundos. 




REVESTIMENTO DE PAREDES INTERNAS
REMOVIDO NO PAVIMENTO SUPERIOR

           O revestimento interno de paredes do pavimento superior, apresentava situação preocupante de descolamento, oriundo de muitos anos de agressão pelas umidades provenientes das patologias na cobertura original da edificação. 


         As péssimas condições físicas determinaram a retirada total dos revestimentos internos do pavimento superior e a futura reconstrução de um novo revestimento, no traço e espessuras originais.

       Também identificou-se que, no passado, já haviam sido recuperados estes revestimentos sob intervenção, com indícios de uso de argamassas modernas, já com a incorporação de cimento.




SURPRESA SOB O ASSOALHO,
NA ÁREA PRINCIPAL NO TÉRREO


       A retirada do assoalho do pavilhão principal no térreo do Paço, degradado pela umidade e ação de cupins, mostrou fantásticos apoios construídos com alvenaria de pedra. 


           O assoalho que está sendo retirado indica uma intervenção de recuperação relativamente recente. Pilaretes de tijolos que apoiam a estrutura de madeira, indicam terem sido de fabricação recente em olarias de Cachoeira do Sul.




FUNDAÇÃO E PAREDE DE NIVELAMENTO FEITA DE PEDRA


            Identificou-se que as fundações do Paço Municipal e as alvenarias de nivelamento são executadas em pedra, com o uso harmônico de tamanhos maiores e menores. 


           A técnica construtiva é a mesma utilizada nas fundações e pilares da Ponte de Pedra no Rio Botucaraí e também na Ponte sobre o Rio Jacuí, na atual localidade de Jacuí, que foi construída pelo construtor Ferminiano Pereira Soares, que também havia sido o dono do terreno vendido para a Câmara e o construtor da edificação do Paço Municipal.


         Identifica-se, hoje, sinais indeléveis de conexão na construção da Ponte de Pedra, Ponte do Rio Jacuí e da Casa de Câmara, Júri e Cadeia, o que abre espaço para se imaginar a grandeza de um cachoeirense do passado, construtor, que pela sua iniciativa e capacidade trouxe vivas até nós estas históricas edificações de uma Cachoeira do passado.




ANTIGAS ÁREAS DE ENTRADA VOLTAM À LUZ


          O prédio da Casa de Câmara, Júri e Cadeia, tinha a sua porta principal deslocada para junto de partes térreas da edificação. Tinha também um acesso lateral, pelo atual jardim interno da Prefeitura.

         Estes antigos acessos, tinham patamares de ladrilhos hidráulicos e degraus de granitina que foram deixados ocultos sob o novo assoalho, praticamente na sua condição original. 

        Provavelmente estas mudanças de acesso, ocorreram em uma das recuperações do assoalho do salão principal, em épocas passadas.



RESTAURO DAS PAREDES EXTERNAS 


              O Arquiteto Osni Schroeder e as Arquitetas Elizabeth Thomsen e Aline da Rosa vistoriaram o início dos trabalhos de restauração da argamassa nas paredes externas do pavimento superior.



             Após a análise da estrutura, rugosidade e solidez do revestimento é feita a limpeza nas fissuras para determinar a restauração necessária.






RECUPERAÇÃO E RESTAURO DAS ESQUADRIAS
Foto acima: reconstrução de acordo com modelo original

       As fotos abaixo, indicam a restauração de tampos de madeira, originais na edificação.
 


         O trabalho paciente e meticuloso, observado na data de hoje, já demonstra grande sucesso na ação de restauração das esquadrias de madeira internas e externas.


2 comentários:

  1. Que postagem fantástica e didática, fiquei encantado com o detalhamento e com o cuidado das fotografias altamente elucidativas, estão de parabéns todos. Obrigado.

    ResponderExcluir