terça-feira, 27 de outubro de 2015

Obras começam a revelar o passado

          Hoje foi um dia de encontro e pesquisa dos voluntários do Movimento Pela Restauração do Paço Municipal na própria edificação histórica.


          Participaram da reunião e vistoria: a coordenadora-geral Arquiteta Elizabeth Thomsen, Arquiteta Aline da Rosa, Arquiteto Osni Schroeder,  Mirian Ritzel (vice-presidente do COMPAHC), Jussara Garske (Arquivo Histórico) e o fotógrafo oficial do Movimento, Renato Thomsen.  


          Da parte do Executivo Municipal estiveram presentes o Secretário Municipal de Planejamento Cristiano Schumacher e o fotógrafo da Prefeitura Municipal José Luís Zasso.





PAÇO SINGULAR E BELO

          A fase atual é de preparação e limpeza para o início do restauro propriamente dito.




         As lajes de concreto que haviam em algumas dependências internas do prédio histórico, objeto de intervenção realizada na década de 60, foram totalmente retiradas, restaurando a condição original do pé-direito de toda a edificação. 

          A sensação é de que a retirada das lajes, anulando os efeitos da intervenção do passado, vai aos poucos fazendo o Paço Municipal retornar à sua alma antiga. E também retornar à sua característica singular e bela.






O PRÉDIO FALA

           Uma obra de restauro em um prédio que concentrou muitas histórias ao longo da sua existência, é um momento em que os restauradores buscam símbolos, assim como seus significados e o prédio, aceitando o jogo, mostra-os aos poucos confome as obras avançam. 




         
          Foi assim, durante a recuperação da Ponte de Pedra, que alguns de nós sentiam-na falar das suas histórias e particularidades. Está sendo assim, agora, com o velho Paço.


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          Uma das grandes interrogações eram como seriam as janelas de celas da cadeia pública. Um vão extremamente pequeno que impedisse fugas? Grades? Ou algum outro tipo de esquadria?
         Não existem registros fotográficos do prédio, do ponto de vista do fundo, onde ficava a antiga cadeia municipal. 



E o prédio nos mostrou o que nos intrigava!

          Na demolição de uma laje intermediária dos sanitários, de construção provável na intervenção feita na década de 60, abriu-se um vão na parede divisória de onde surgiu uma janela de grades de ferro (com marcos de madeira), definindo tamanho, localização das janelas relativamente a cada cela, e a grade propriamente dita.



         Olhar aquela grade, encerrada entre duas paredes há aproximadamente 130 anos, permite imaginar os muitos presos que a viam como a expressão da perda da sua liberdade.



ARQUIVO ESCONDIDO

          Antes do início dos trabalhos de escoramento no prédio do Paço Municipal com a equipe do 3° Batalhão de Engenharia de Combate, há dois anos aproximadamente, retiraram-se todos os materiais e documentos que estavam depositados nas dependências internas.

        Agora com a retirada de um forro de madeira, colocado posteriormente à construção do Paço Municipal, revelou-se um outro depósito de documentos da Fazenda Municipal, indicativo de particularidades de muitas empresas, da década de 40 a 60.


     
         Os documentos serão analisados por técnicas do Arquivo Histórico e dado o destino correspondente ao seu valor histórico.






RESTAURO DE PEÇAS DE MADEIRA

       A parede de taipa-de-mão, no pavimento superior, no local onde antes se localizou a Sala de Júri, depois a Câmara Municipal e depois outras atividades do poder executivo, tem suas partes de madeira em processo de restauro pelo experiente restaurador Alexandre Pohlmann Machado, da cidade de São Gabriel/RS. 


         O trabalho meticuloso revela a qualidade da madeira utilizada, condição escondida por várias camadas de tinta que o tempo lhe colocou.



   


           O expert é de São Gabriel, onde trabalhou no restauro de vários prédios, sendo o responsável pela restauração de peças de madeira da antiga casa de Getúlio Vargas, agora transformada em museu, em São Borja/RS.


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SENTIMENTOS DO PAÇO   

           Armando Fagundes, colunista do Jornal do Povo, referiu na edição de hoje que: "Preservar a memória de um povo é ato de heroísmo" . Portanto, cidadãos que lutam para preservar bens culturais da nossa cidade podem ser considerados como heróis. 

         Alegra-nos, como voluntários no restauro do Paço Municipal, esta qualificação vinda de alguém que tem sua história de vida confundida com a própria história de Cachoeira do Sul.  

       Alegra-nos, especialmente, porque sentimos e temos certeza da energia de vida do Paço Municipal (perdoem-nos os céticos) da qual flui a qualificação de heróis para todos os que lutaram para salvá-lo.


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Arq Osni Schroeder





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