sexta-feira, 4 de março de 2011

Desdobramentos da vistoria no dia 1º de março de 2011


VISITA TÉCNICA À PONTE DE PEDRA.
    A Equipe Técnica da Comissão Regional de Obras da 3ª Região Militar de Porto Alegre, (sob o comando do  Cel. Moisés Roberto Lanner de Carvalho, do Departamento de Engenharia e Construção do Exército), mais o Ten. Carlos Henrique Scherer dos Santos e o Sarg. Vanderlei Rauber, sob o comando do Cel. Marcus Vinícius Fontoura de Melo (comandante do BEC de Cachoeira do Sul), além de integrantes do Grupo de Recuperação da Ponte de Pedra, COMPAHC, Prefeitura Municipal e vários setores da comunidade, reuniram-se em volta da Ponte de Pedra na terça-feira, dia 1º de março de 2011, com o objetivo de analisar os danos e encaminhar uma solução técnica definitiva.

   Foi uma emblemática manifestação de apreço à ponte histórica. Certamente há muito não havia tantas pessoas à sua volta e preocupadas com o seu futuro.
   Registramos e agradecemos o apoio do General Ítalo Fortes Avena, Comandante do Departamento de Engenharia e Construção do Exército - DEC, que de Brasília viabilizou o apoio técnico do Exército para as ações de recuperação da ponte.
   Importante, também, registrar o apoio da Prefeitura Municipal, através do Vice Prefeito Ronaldo Trojahn e dos Secretários Municipais Henrique Witeck e Ana Margarete Oliveira, que estão agilizando a tramitação de autorizações ambientais, necessárias para a execução dos trabalhos de recuperação da ponte.



PASSOS FUTUROS
    Foi encaminhada a proposta técnica de intervenção na base avariada da ponte, com uma cortina de concreto armado.
    A solução foi considerada a mais rápida, segura e de custo não muito elevado.
    Igualmente a solução garantirá a estabilidade da ponte e pela sua abrangência relativamente pequena de intervenção, não mudará o aspecto estético da ponte.
   A proposta de solução em concreto armado foi submetida ali mesmo, na ponte, aos representantes de segmentos comunitários, recebendo sinalização positiva unânime, que certamente aconteceu pelos danos crescentes verificados à ponte e a fragilidade evidente frente a uma nova cheia do rio Botucaraí.




RESTAURAÇÃO E SISTEMAS CONSTRUTIVOS
    Na recente visita técnica dos engenheiros militares à Ponte de Pedra foi exposta uma tese, já ventilada por integrantes do Grupo de Recuperação da Ponte de Pedra mas ainda não apresentada publicamente:

CONSIDERAÇÕES
     A ponte tem duas cabeceiras: uma ao Norte e outra ao Sul.
    A cabeceira ao Norte apresenta a sua base executada totalmente com pedras irregulares montadas e argamassadas. Esta cabeceira apresenta a instabilidade atual.
    A cabeceira ao Sul apresenta sua base executada com grandes pedras regulares. Esta cabeceira apresenta-se estável.

INDAGAÇÕES
    Por qual motivo, bases de duas cabeceiras de uma mesma ponte apresentariam sistemas construtivos diferentes?
    Não seria mais lógico usar o mesmo sistema construtivo nas duas bases das cabeceiras?
   Qual seria o sistema construtivo mais antigo? O de pedras montadas irregularmente ou o de pedras regulares?
   Qual o sistema construtivo mais seguro para uma parede exposta à correnteza de um rio?


TESE
   A Ponte de Pedra, no passado, já foi modificada na sua originalidade em um momento de instabilidade da cabeceira Sul, à montante do rio, sendo reconstruída através de um sistema construtivo mais moderno do que o original.


LINHA DO TEMPO
   A tese propõe que a ponte originalmente foi construída com bases de pedras irregulares, montadas e argamassadas de forma irregular nas duas cabeceiras.
   Esta era provavelmente a solução técnica possível há aproximadamente dois séculos atrás. Então as bases das duas cabeceiras da ponte de pedra eram construídas no mesmo sistema construtivo.
   O tempo passou e a base da cabeceira de pedras irregulares ao Sul, à montante do rio, deteriorou-se e tombou ou então ficou prestes a tombar.
   A geração de cachoeirenses, à época, recuperou a ponte com uma técnica mais moderna, mais segura e de domínio técnico conhecido.
   A nova base foi construída com grandes pedras regulares, diferentes das originais!
   Agora, a base da cabeceira de pedras irregulares, ao Norte, também deteriorou-se e tombou, levando junto a parede da cabeceira.
   O Grupo de Recuperação da Ponte de Pedra, intercedendo pela nossa geração para manter a ponte estável, propôs preliminarmente a reconstrução no mesmo sistema construtivo original, mas deparou-se com alguns problemas técnicos:

1. Dificuldade em executar a liga da nova parede (com pedra irregular) e a existente, já fora de prumo.

2. Tempo excessivo necessário para a restauração, correndo o risco de ser surpreendido por uma cheia do rio no meio dos trabalhos.

3. Solução técnica não muito adequada considerando a violência atual das águas do rio Botucaraí, causada por desmatamentos de margens e drenagens de várzeas.

   Agora foi proposta a solução da execução de uma cortina de concreto na base danificada e em parte da parede da cabeceira tombada, tornando-a estável e resistente à correnteza do rio. 
   É importante referir que houve um clima de consenso, entre os integrantes do Grupo, Engenheiros e Técnicos Militares, integrantes do COMPAHC, Prefeitura e outras instâncias comunitárias, no sentido de adotar a solução rápida e segura da execução de uma cortina de concreto armado que torne a ponte estável, marcando para gerações posteriores a nossa intervenção técnica na preservação da ponte.
   Exatamente como foi feito no passado, por outra geração, na cabeceira ao Sul da Ponte de Pedra.


DECISÃO
   O COMPAHC está convidado a manifestar-se quanto à solução proposta, numa decisão necessariamente rápida, antes da próxima cheia do rio.



Osni Schroeder
Arquiteto e Engenheiro de Segurança do Trabalho
Coordenador  do Grupo de Recuperação da Ponte de Pedra

Um comentário: