segunda-feira, 25 de março de 2024

Dr. Florence

Jornal do Povo


Filho amantíssimo

               O que podemos dizer quando recebemos a notícia da morte de alguém que foi capaz de colocar inteiro dentro do seu peito o lugar onde viveu?

Carlos Eduardo Dicklhuber Florence, em algum momento de sua passagem por esta vida, mexeu com nossas emoções. Fosse empunhando o estetoscópio e auscultando os corações, fosse vibrando sua voz por um Hospital de Caridade com maior efetividade e excelência, fosse empregando sua inteligência, sabedoria e carisma em prol das causas culturais, ou trazendo lirismo aos nossos domingos com suas criativas e bem humoradas crônicas.

Perdê-lo foi como experimentar a orfandade. Foi sentir o vazio. Foi pensar em Netuno e Nossa Senhora sem o seu maior interlocutor, aquele que ouvia suas conversas sobre o que viam do alto de seus postos.

Esta é a vida. Não nos é dado o direito à eternidade. No entanto, a alguns é concedido o beneplácito da memória. Carlos Eduardo Florence é um deles. Jamais esqueceremos o seu jeito, inteligência, elegância e, sobretudo, o imenso amor que nutriu por Cachoeira.

Eduardo foi-se, mas nós continuaremos a lembrá-lo em cada esquina, nos sobrados, nas janelas, nos sons de piano, nas feiras do livro, nas confrarias, nas caminhadas pelos arredores do Château d’Eau, pedindo bênção à Nossa Senhora, vendo o Jacuí engolir o sol.

Adeus, amigo. Cachoeira nunca mais será a mesma.  Só nos resta agora imaginar teus diálogos com o Osni e o Armando sobre a nossa bela que só ela!

Mirian R. M. Ritzel,

24/3/2024 







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quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Lançamento do livro "O Viajante Infiel" na Amicus



          No entardecer de 13 de dezembro de 2022, mais de 100 pessoas prestigiaram o lançamento do livro “O Viajante Infiel” (editado pela família) e a homenagem póstuma da Amicus a Osni Schroeder, no saguão da Casa de Cultura, decorado por Léa Kämpf, com objetos pessoais do arquiteto. 

  




           A emoção tomou conta dos presentes com a  leitura de sua coluna “A lanterna de Diógenes” e performance de Rosane Rösing, a interpretação de músicas de Elvis Presley pelo pianista santa-mariense Miguel Zanotelli, os depoimentos da presidente da Amicus, Dariely Gonçalves, das parceiras do Grupo Ponte de Pedra Mirian Ritzel e Elizabeth Thomsen, do filho José Pedro Hentschke Schroeder, da esposa Vera Hentschke Schroeder, do amigo Chulipa Möller e da Secretária de Cultura, Clarisse Almeida.



 


       

       Um vídeo trouxe homenagens de Auber Lopes de Almeida Filho e Antônio Sarasá, amigos que não puderam comparecer, belas  imagens da vida  familiar, e da sua intensa atividade profissional em prol da preservação do patrimônio material e imaterial de Cachoeira: 



Mirian Ritzel sintetizou nestas palavras:

            “Osni Schroeder foi daqueles seres humanos especiais que veio ao mundo para deixar sua marca. Deixou-a no profissional que foi, com trajetória reconhecida individualmente e como representante de seus pares à frente de entidades como o CREA/CONFEA/Mútua; como presidente da Amicus, conselheiro e vice-presidente do Compahc, dentre outras atividades comunitárias.

           Imprimiu-a como cidadão, quando não se furtou de participar dos debates e das questões postas na comunidade cachoeirense, fosse na condição de formador de opinião e, muito especialmente, na defesa da nossa memória, quando se mostrou aguerrido voluntário em ações de convencimento e recuperação do patrimônio histórico-cultural.

        E foi, com certeza, um dos grandes filhos desta terra pelo amor que a ela devotou, constituindo aqui sua família com a esposa Vera e passando aos filhos Eduardo e José Pedro o exemplo de edificação da sociedade que tem início na consolidação da vida familiar. Suas ações em prol do próximo, muitas anônimas, redundaram em realizações que mitigaram sofrimentos.

       Osni Schroeder, ainda que combatente em suas ideias, conquistou e fez muitos amigos. Seu tirocínio e grande experiência no convívio em diferentes círculos fez dele um notável observador e balizador de atitudes. A lanterna de Diógenes, trazida à reflexão na crônica magistralmente lida por Rosane Rösing, cuja motivação para rememorá-la surgiu do reencontro que Osni teve com o velho lampião que o guiava nos tempos do escotismo, consegue trazer para cada um de nós a medida das reflexões que o ser humano que ele foi fez ao longo de toda a sua vida, questionando-se sobre ter consigo o que Diógenes procurava: ser um homem livre em busca da verdade.

         Sua verdade chegou até nós e muito especialmente fomos tomados dela com sua partida inesperada. Ficaram o legado, o exemplo, as realizações. Ficou a imagem do homem, do companheiro de causa, do cidadão que teve o privilégio de “conversar” com o passado, ouvindo-o e lutando por sua salvaguarda.

        O Viajante Infiel, sua obra póstuma, traz um pouco do que Osni vivenciou, transmutado numa ficção que envolve o desaparecimento de uma peça sacra de imenso valor em um lugar na Argentina e que foi escondida na sua, na nossa Cachoeira do Sul. Os leitores ficarão surpresos com o enredo, o simbolismo e o desfecho.”




             O livro “O Viajante Infiel”, com texto de Osni Schroeder e ilustações de Jáder Corrêa, editado pela Farol 3 Editores, tem 129 páginas e estará à venda na Livraria Nascente, Viveiro Cultural, Biblioteca e Museu Municipal por 50 reais.





Jornal do Povo - 13 de dezembro de 2022



Video de 9 minutos, com imagens do lançamento do livro
e homenagens a Osni Schroeder

domingo, 4 de setembro de 2022

Movimento pela Estação da Ferreira retira madeiramento e telhas do prédio histórico



 

O Movimento pela Restauração da Estação da Ferreira, junto com a Prefeitura Municipal de Cachoeira do Sul, Defesa Civil e 3º Batalhão de Engenharia de Combate, está desde o início desta semana removendo as telhas e madeiras que ofereciam risco de queda aos visitantes e à própria estrutura do prédio histórico.




Um caminhão  Munck do Exército Brasileiro e um grupo de militares (Cabos Paulo Müller e João Vítor Neves da Silva, soldados José Guilherme Koehn e João Luís Macedo) sob a supervisão do Capitão Háteras Freitas, do 3º BECmb, colaboraram de maneira fundamental no trabalho, visto que ele é feito em grande altura.




A  equipe da Defesa Civil (os agentes Raufer da Silva Costa, José Antônio Terra de Oliveira Júnior, Acilon Brum Almansa Carlos e Cristiano da Slva Garcia) é liderada por Edson Roberto das Neves Júnior que também  é responsável pelo isolamento do local.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente cedeu os funcionários  Cleverson Narciso Rech (que trabalhou no cesto do guindaste articulado), Elci Oliveira de Oliveira e Emerson Gilberto dos Santos Ferreira.

     



A Secretaria Municipal do Interior colaborou com a colocação de pedras no acesso ao lado leste da Estação, para garantir o transito dos caminhões.



A vice-prefeita Angela Schuh destacou duas servidoras para acompanhar a retirada, medição e catalogação do material: a arquiteta urbanista Márcia Heck, a engenheira civil e de segurança do trabalho, Franciela Gehrke e o estagiário Lenin Reis, todos lotados na Secretaria Municipal de Educação.





José Pedro Hentschke Schroeder, advogado e coordenador do Movimento pela Restauração da Estação da Ferreira ao lado do irmão, o voluntário Eduardo Hentschke Schroeder, estão acompanhando o trabalho permanentemente. Eles são filhos do arquiteto Osni Schroeder, falecido em dezembro de 2020, quando era coordenador do mesmo movimento e que assina o projeto de restauro do prédio.

Colaboradores de Osni Schroeder desde a recuperação da Ponte de Pedra, a arquiteta Elizabeth Thomsen e o fotógrafo  Renato Thomsen também são voluntários neste novo restauro.

O técnico em Segurança do Trabalho Dionas Fontoura, da HDCO, também acompanha o trabalho e oferece orientações para prevenção de acidentes.

Integrante da equipe do Estúdio Sarasá (empresa paulista responsável pelo restauro do Château d´Eau e também do prédio da União de Moços Católicos), José Carlos Batista Pereira, o Dedé, esteve em Cachoeira do Sul para dar orientações sobre a remoção das peças sem danos à alvenaria.

Giovani Santos, ex-funcionário da família Schroeder, também participou ativamente da remoção e transporte dos materiais retirados da edificação.

Altemir Lopes, contratado por Eduardo Schroeder, também colaborou nestas tarefas.




Todas as peças estão sendo medidas, fotografadas, catalogadas e armazenadas em local próximo à Estação de Ferreira, onde aguardarão o restauro.



No segundo dia de trabalho, 30 de agosto, um dos obstáculos encontrados pelo grupo foi um enxame de abelhas próximo à chaminé do prédio. Antes de retirar as telhas, foi preciso afugentá-las com fumaça e utilizar roupa especial para garantir a segurança dos profissionais que estavam retirando o material do telhado.





Na manhã de 31 de agosto, o Comandante do 3º BECmb, Tenente Coronel Luís Augusto Alves Leal Ferreira, acompanhado do Capitão Háteras e do Subtenente Guilherme  vistoriou o trabalho realizado no prédio da Estação e aproveitou para conhecer as duas pontes ferroviárias de pedra, existentes nas proximidades e que deverão fazer parte da futura rota turística planejada pelo Movimento pela Restauração da Estação da Ferreira.






Durante a parte da manhã do dia 31, um grupo de alunos do Professor José Alcemar, da Escola Zilah da Gama Mór, visitou a Estação da Ferreira numa atividade de educação patrimonial.



No dia 1º de setembro foram retiradas todas as madeiras do telhado do sobrado e a única esquadria remanescente, no andar superior que estava interditado. Resta agora transportar para o depósito algumas poucas peças de madeira danificadas, trabalho que será realizada na próxima semana.



 
 



Vídeo (12min.)



JORNAL DO POVO - 02 de setembro de 2022

 






quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Reunião no CAU/UFSM - Campus Cachoeira em 15 de agosto de 2022


Apresentação de  Projetos para o restauro da Estação Ferroviária de Ferreira

                    Na tarde de 15 de agosto de 2022, nove propostas de alunos de Projeto VI do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSM/Cachoeira do Sul, orientados pelas professoras Paula Olivo e Andressa Rocha, foram apresentadas para o restauro da Estação Ferroviária de Ferreira e a requalificação do entorno, propondo novos usos:


Grupo 01: 

Ivan Soares De Almeida, Ygor Rodrigues Da Silva e Mariana Flores

Estação Cultural Osni Schroeder





 

Grupo 02:

Daniel Farias Alves, Leonardo Borba Brum e Wellington Ravier Pfeiffer

Centro Multiuso Estação Ferreira      




Grupo 03:
Leticia Laureano Xavier de Moura, Luisa Schreiner Tonet, Julia Stochero Buriol
Parque da Estação


 

Grupo 04:

Pedro Henrique Taschetto Marin e Helena Torres da Trindade

Matryoshka Urbana



Grupo 05:

Bianca Da Silva Friedrich, Bruna Rodrigues Kiefer e Eduarda Perini Farias

Estação da Cultura


 

Grupo 06:

Fernanda Marques Goncalves, Louise Da Silva Pinheiro e Patrícia Bertoldo Stefanello

Estação Férrea da Ferreira


                                          

Grupo 7:

Henrique Soares, Gulitt Graffolin e Gustavo Januário

Estação Ferreira: Empório e Parque Esportivo




Grupo 08:

Tailor Johann Bueno e Juliano Xavier Freitas

Parque Estação da Ferreira


Projeto individual:

Eduardo Moreira

Requalificação da Estação da Ferreira




Participantes do evento:

            A coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do campus UFSM/Cachoeira do Sul, Minéia Scherer e as professoras Luciani Lens, Maria Luiza Zanatta de Souza e Barbara Giaccom prestigiaram a apresentação dos acadêmicos.

         A vice-prefeita Ângela Schumacher Schuh, Eloisa Uliana, Márcia  Patel e Rafael Rochembach estiveram  representando a Prefeitura Municipal de Cachoeira do Sul.

              A Amicus  foi representada por sua presidente, Dariely Gonçalves.

           José Pedro Schroeder, coordenador do Movimento Pela Restauração da Estação Ferreira e seguintes membros participaram do evento: Vera Schroeder, Lia Carolina Breyer Schlabitz, Elizabeth Thomsen e Renato Thomsen.

 


 

           A repórter Lena Caetano e o cinegrafista Edson Michels, da TV Cachoeira NT SUL documentaram o evento para o telejornal do dia seguinte, 16 de agosto.


Confira no link abaixo:

https://tvcachoeira.novotempo.com/academicos-da-ufsm-apresentam-propostas-de-uso-para-a-estacao-da-ferreira/



Entrevista com as Professoras Paula Olivo e Andressa Rocha

e a acadêmica Luísa Tonet, na Rádio GVC FM, de Cachoeira do Sul:

CLIQUE AQUI: Link para o Programa Redação GVC



Jornal do Povo - 16 de agosto de 2022



Texto: Elizabeth Thomsen

Fotos: Renato Thomsen



    ESPERANÇAR

O conhecimento do patrimônio, a conscientização acerca do seu valor, relevância e necessidade de conservação, demonstram uma diligência em democratizar os saberes, reforçar a ideia, a percepção de cidadania, estruturar identidades e elevar a autoestima do povo de uma cidade, estado, país, nação. Já os centros históricos formam um patrimônio universal imprescindível, cuja salvaguarda e inserção na vida coletiva são dever dos governos e dos cidadãos, em razão dos valores que irradiam e por se tratarem de um dos princípios da identidade de uma comunidade, hoje ameaçadas pela homogeneização da civilização contemporânea. Os núcleos históricos podem, ainda, ser um lugar de encontro, turismo, entretenimento, prática de esportes, contemplação, intercâmbio, fomento da economia, geração de recursos e informação.

Esta importância que decorre da memória, da história, da tradição, da cultura, da arquitetura, da época e do tempo que estes patrimônios histórico-culturais carregam e traduzem, podem, entretanto, ir muito além de sua conservação física, simbólica e imaterial. Sempre que possível, eles também deverão atentar para a sua função social, para a melhoria da qualidade de vida de quem habita nas suas adjacências, para a adequação às necessidades presentes da comunidade em seu entorno e do município em que estão inseridos para o fim de um cotidiano e de um futuro mais factível, próspero, promissor.

Este é o espírito presente nos projetos realizados pelos alunos do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, campus Cachoeira do Sul, para o restauro da Estação Ferroviária Ferreira, cuja apresentação dos trabalhos tivemos o privilégio de assistir em duas ocasiões, a convite dos membros do Movimento pela Restauração da Estação Ferreira. O que nos enche de esperança.  Esperança do verbo esperançar. Aquela que nos faz agir, buscar.  Que move, transforma. Melhora, soma, agrega, prospera, evolui sem, todavia, nos esquecermos do passado que nos trouxe até aqui.

                                                                         Dariely Gonçalves