Jornal do Povo |
Filho amantíssimo
O
que podemos dizer quando recebemos a notícia da morte de alguém que foi capaz
de colocar inteiro dentro do seu peito o lugar onde viveu?
Carlos Eduardo
Dicklhuber Florence, em algum momento de sua passagem por esta vida, mexeu com nossas
emoções. Fosse empunhando o estetoscópio e auscultando os corações, fosse
vibrando sua voz por um Hospital de Caridade com maior efetividade e
excelência, fosse empregando sua inteligência, sabedoria e carisma em prol das
causas culturais, ou trazendo lirismo aos nossos domingos com suas criativas e
bem humoradas crônicas.
Perdê-lo foi como
experimentar a orfandade. Foi sentir o vazio. Foi pensar em Netuno e Nossa
Senhora sem o seu maior interlocutor, aquele que ouvia suas conversas sobre o
que viam do alto de seus postos.
Esta é a vida.
Não nos é dado o direito à eternidade. No entanto, a alguns é concedido o
beneplácito da memória. Carlos Eduardo Florence é um deles. Jamais esqueceremos
o seu jeito, inteligência, elegância e, sobretudo, o imenso amor que nutriu por
Cachoeira.
Eduardo
foi-se, mas nós continuaremos a lembrá-lo em cada esquina, nos sobrados, nas
janelas, nos sons de piano, nas feiras do livro, nas confrarias, nas caminhadas
pelos arredores do Château d’Eau, pedindo bênção à Nossa Senhora, vendo o Jacuí
engolir o sol.
Adeus, amigo.
Cachoeira nunca mais será a mesma. Só
nos resta agora imaginar teus diálogos com o Osni e o Armando sobre a nossa
bela que só ela!
Mirian
R. M. Ritzel,
24/3/2024